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Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul querem aumentar uso de trens

26 de setembro, 2025

De acordo com o presidente da FETRANSPAR, coronel Sérgio Malucelli, 65% do transporte no Estado é rodoviário e 75% do que vai ao porto de Paranaguá chega por caminhão

Os Estados da região Sul e o governo federal pretendem definir até o fim deste ano uma estratégia para aumentar a relevância dos trens na matriz do transporte regional, cuja dependência das rodovias se tornou um problema para a competitividade da região. A estratégia está sendo discutida no âmbito do Plano Nacional de Logística 2025 (PNL 2050), coordenado pelo Ministério dos Transportes. Segundo Rodrigo Ferreira, coordenador-geral de política de planejamento da pasta, na primeira versão do PNL, a ser concluída ainda em 2025, já devem estar previstas ideias para aumentar o uso de ferrovias no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

“Existe uma frustração geral na região com a situação da malha ferroviária. O Sul talvez seja uma das regiões mais dependentes do transporte rodoviário”, disse Ferreira em evento em Curitiba, em 26 de agosto, na série de debates Logística no Brasil, promovida pelo Valor, com oferecimento do Ministério dos Transportes e Infra SA. O encontro foi mediado por Marli Olmos, repórter especial do jornal.

A primeira alternativa passa pela Malha Sul, rede administrada pela Rumo Logística com 7.223 km de trilhos que vão de São Paulo ao Rio Grande do Sul, mas com cerca de 60% deles inativos. A atual concessão termina em fevereiro de 2027, e o Ministério dos Transportes deve lançar um edital para um novo contrato em 2026. Segundo Ferreira, é possível que o pleito já leve em consideração as conclusões do PNL. “A Malha Sul tem ponto positivo porque já é uma infraestrutura implementada, mas às vezes pode ter traçados que não são ideais”, explicou. “Existe um debate sobre isso.”

Outra alternativa levada ao ministério é a que prevê a construção de uma nova ferrovia de mais de 1.500 km entre o porto de Paranaguá (PR) e o Mato Grosso do Sul. Chamada de Nova Ferroeste, a ideia foi encampada pelo governo do Paraná, comandado pelo governador Ratinho Junior (PSD), mas está paralisada à espera de uma decisão sobre a concessão da Malha Sul. O custo pesa contra o projeto, estimado em até R$ 35 bilhões pelo governo paranaense.

Segundo Ferreira, também está em análise a revitalização do tronco sul da Ferrovia Norte-Sul, entre o Paraná e o Rio Grande do Sul, e até a elaboração de um projeto completamente novo para melhorias do modal ferroviário da região. “Podem aparecer novas soluções. Não olhamos só para a carteira existente”, disse. “Vamos pensar quais projetos trazem mais benefícios, menos riscos e mais condição de sair do papel.”

Marcelo Vinaud Prado, diretor de mercado e inovação da Infra SA, afirmou que estudos como o PNL 2050 são essenciais para que a logística do Sul realmente melhore. A estatal foi contratada pelos governos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul para fazer planos estaduais de logística, que vão se conectar com o estudo federal. “A cultura do planejamento está sendo levada a sério. Os gargalos existem porque os planos foram negligenciados”, disse.

Prado disse que a Infra SA também está debruçada sobre o problema da malha ferroviária do Sul; a ideia é traçar um projeto definitivo para o modal para que o setor privado também se interesse em investir, aliviando assim os cofres públicos. “Queremos uma evolução do investimento privado, que pode chegar a R$ 5 de cada real investido pelo Poder Público daqui a dez anos”, disse. “Isso desonera e abre espaço para que o setor público resolva gargalos específicos.”

João Arthur Mohr, superintendente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), cobrou no evento que o planejamento dos governos seja executado. Segundo ele, debates feitos sobre o transporte do Paraná há 15 anos já falavam da importância do transporte ferroviário. No entanto, o Estado e toda a região não recebem investimentos consistentes em ferrovias há 40 anos. “Ou investimentos em infraestrutura, ou vamos ter que falar para as indústrias do Sul que parem de crescer”, afirmou, ressaltando que a exportação via Paranaguá cresce, em média, 8% ao ano nos últimos dez anos, e que a logística não evoluiu nesse ritmo.

O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), coronel Sérgio Malucelli, disse que 65% do transporte no Estado é rodoviário e 75% do que vai ao porto de Paranaguá chega por caminhão. E se rodovias paranaenses estão no limite, as de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, principalmente após a enchente de 2024, estão ainda piores, afirmou.

Malucelli defendeu investimentos massivos em infraestrutura, incluindo uma nova rodovia ligando Curitiba a Paranaguá e três novos portos para carga e descarga de mercadorias. Ele e Mohr lembraram que o porto de Paranaguá vem batendo recordes de movimentação de cargas nos últimos anos e pode atingir seu limite de operação no médio prazo. 

O governo paranaense estuda a construção do Complexo Rodoviário no Litoral do Paraná. Se viabilizado, uma estrada irá contornar a baía de Guaratuba, criando acesso a Paranaguá via BR-376, que passa por Santa Catarina. Não há até agora uma data para essa obra começar. O Estado também informou que não desistiu da Nova Ferroeste. A Rumo informou que mantém diálogo constante com o Ministério dos Transportes para endereçar questões relacionadas à configuração atual da Malha Sul.

Fonte e Foto: Valor Econômico

 

 

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