Investimento, crescimento e emprego

Investimento, crescimento e emprego

12 de julho, 2023

As boas safras agrícolas, associadas à expansão da área plantada que já vem ocorrendo há algum tempo com o aumento da fronteira agrícola na região central do país, fizeram agravar gargalos que o Brasil não tem conseguido resolver: a insuficiência do sistema de transportes, especialmente a falta de ferrovias e as precárias rodovias; a pequena capacidade de armazenagem; a demora na ampliação e modernização do sistema portuário etc. Esses problemas fazem parte de uma variável geral: a baixa taxa de investimento como proporção do Produto Interno Bruto (PIB).

O investimento nacional em infraestrutura física, infraestrutura social e infraestrutura empresarial deveria atingir 25% do PIB para viabilizar um crescimento de 5% ao ano para o país. A taxa de investimento, no entanto, não tem superado 19% do PIB, de forma que o crescimento econômico de 5% ao ano não tem sido possível. O PIB é um bolo composto de bens e serviços de consumo e bens de capital. Quando, em relação ao total de 100% do PIB, é aumentada a fatia de bens de capital destinados a investimento, por óbvio a fatia dos bens e serviços de consumo é menor, e o único caminho para não haver diminuição do volume de bens e serviços de consumo é pelo crescimento do PIB total.

O Brasil sofre com a composição distorcida do gasto público, porquanto o subinvestimento estatal ao longo de muitos anos deixou o país com um déficit de infraestrutura física e infraestrutura social

Assim, para viabilizar o aumento da fatia dos bens de investimento dentro do PIB, é condição importante que o PIB total cresça, sobretudo a fim de não ser necessário impor redução no consumo agregado de toda a população. Quem faz investimentos é basicamente o governo e as empresas, sejam estas nacionais ou estrangeiras. Os investimentos feitos por pessoas físicas se restringem a moradias, pois, quando uma pessoa quer investir em um negócio, ela deve constituir pessoa jurídica, a qual passa a fazer parte da entidade econômica chamada “empresas”.

O Brasil iniciou 2023 com um PIB anualizado na casa de R$ 10 trilhões e, se fosse atingido o ideal de 25% em investimentos, a expansão do capital nas três infraestruturas já mencionadas implicaria aplicação de R$ 2,5 trilhões, restando um total de R$ 7,5 trilhões como bens e serviços de consumo, isto é, 75% do PIB. E aqui vale destacar que um dos gargalos responsáveis pela baixa taxa de investimento está na composição dos gastos do setor público, que vem piorando há 40 anos nos municípios, nos estados e na União.

No início do governo José Sarney, em 1985, a carga tributária representava 22% do PIB e o volume de investimentos públicos era de 5% do PIB, restando 17% para sustentar o custo da máquina estatal e seus serviços públicos. Atualmente, a carga tributária chegou a 34% do PIB, mas os investimentos feitos pelo setor estatal caíram à metade, isto é, representam apenas 2,5% do PIB, de forma que a máquina pública passou a gastar 31,5% do PIB em sua manutenção e com os serviços oferecidos à população. Mas a situação é pior, pois boa parte dos investimentos do governo é feita com aumento da dívida pública e não com recursos de arrecadação tributária.

Texto e foto – Gazeta do Povo 

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Tags: #transportes

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