DC - Falta de peças e pneus prejudica o setor de transporte de cargas

DC - Falta de peças e pneus prejudica o setor de transporte de cargas

16 de novembro, 2020

Assim como outros setores da economia brasileira, o setor de transportes de cargas e logística vem esboçando uma pequena recuperação após as perdas causadas pela pandemia da Covid-19 e o lockdown instaurado nos primeiros meses do ano. Mas um fator crucial para a retomada do crescimento do setor vem passando despercebido: a oferta de insumos.

Segundo empresários mineiros do setor, um dos maiores entraves na recuperação das atividades é a dificuldade em encontrar pneus e peças para os caminhões da frota. “A demanda voltou, mas a produção não”, afirma o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Sérgio Pedrosa.

“Muitos da indústria automobilística se assustaram no início da pandemia e demitiram. Veio o crescimento e as empresas não estão acompanhando a demanda. É uma falta generalizada de pneus e peças. Os estoques dos fornecedores estão baixos”, complementou Pedrosa.

De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logísticas (Setcemg), Gladstone Lobato, a previsão é que a oferta de pneus e peças seja regularizada somente em meados de 2021. “Estamos funcionando com uma demanda reprimida, falta caminhão, carro, pneu”, ressaltou.

Recuperação

Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), alguns indicadores apontam para uma pequena recuperação do setor. Em uma pesquisa feita em agosto com transportadoras de todo o País, 9,8% informaram um aumento moderado na busca por seus serviços em relação ao mês de junho. Ao mesmo tempo, o número de entrevistados que declarou diminuição no faturamento em agosto caiu 9,9% em relação a junho.

No estado de Minas Gerais, outro fato que dificulta uma retomada maior e mais homogênea é a pulverização do setor de transportes de cargas e logísticas. A recuperação do setor fracionado, que transporta produtos de tecnologia, por exemplo; segue um ritmo diferente da retomada do setor de lotação, responsável, entre outros, pelo transporte de minério e combustível.

“Minas Gerais é um estado muito primário. Nosso negócio é minério, bobina, cimento. Nós fomos muito afetados, ainda não temos recuperação na parte primária porque a produção de aço ainda não está normalizada. Consequentemente, a produção de automóveis e de produtos da linha branca (eletrodomésticos) não está em 100%. A única coisa que não alterou foi o transporte de ferro, que é para exportação”, pontuou o presidente da Setcemg.

O presidente da Fetcemg, Sérgio Pedrosa, apresentou uma visão mais otimista do cenário de transportes em Minas Gerais. “Não temos números exatos, mas nossas pesquisas e enquetes mostram que o movimento está superior ao período pré-pandemia. Estamos rodando mais e faturando mais do que no início da pandemia”, comemorou.

Para Pedrosa, um dos motivos para a recuperação e para o atual momento de otimismo foi a resposta rápida dada pelo governo no início da pandemia. “O governo foi rápido nas medidas trabalhistas, como a redução da jornada de trabalho. Facilitou também o acesso a financiamentos e postergou o pagamento de impostos. Isso ajudou a manter empregos”, disse.

A CNT também divulgou dados sobre o nível de otimismo dos empresários do setor. Segundo pesquisa, a maioria dos entrevistados, 76,1%, acredita que os impactos da pandemia nos negócios continuarão por pelo menos mais quatro meses, a partir de agosto. Somente 20% acreditam que as intempéries econômicas persistirão por um ano ou mais.

Reformas são consideradas essenciais

Empresários mineiros apontaram algumas medidas governamentais consideradas cruciais para a manutenção e aceleração do crescimento do setor de transportes de cargas e logística. Entre essas medidas, estão privatizações e as reformas tributária e administrativa.

“A privatização de estatais e a concessão de rodovias vão contribuir para aumentar as atividades do setor”, afirmou o presidente da Fetcemg, Sérgio Pedrosa.

O presidente da Setcemg, Gladstone Lobato, também chamou atenção para o tema. “Perdemos em competitividade por causa de falta de infraestrutura”, salientou.

As reformas tributárias e administrativa trariam segurança e crescimento, segundo os empresários do setor. Para Pedrosa, o equilíbrio fiscal do governo e a manutenção das taxas de juros em patamares mais baixos são imprescindíveis. “A Selic continuando baixa, o crescimento acontece, mas é preciso que o governo proporcione um equilíbrio fiscal”, alertou.

Para o presidente da Setcemg, a reforma tributária traria mais segurança para empresários. “Ainda há muita insegurança com relação ao recolhimento de impostos, existem várias interpretações, isso gera dúvidas”, protestou.

Fonte: Diário do Comércio Foto: Divulgação

 

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