Condições de rodovias atrasam chegada de produção ao porto, dizem representantes do agro

Condições de rodovias atrasam chegada de produção ao porto, dizem representantes do agro

15 de março, 2023

O atraso na chegada da produção de grãos no Porto de Paranaguá, no Paraná, tem sido motivo de preocupação para o setor produtivo. Segundo entidades representativas do setor, trata-se de um problema logístico que se acumula desde que a BR-277, principal via de acesso ao porto, sofreu quedas de barreiras - as mais problemáticas em outubro do ano passado - impactando no tráfego na Serra do Mar. E isso, somado à expectativa de exportações recordes de milho e de produção de soja, estaria deixando um lastro de prejuízos, com retenção de produção na origem, falta de produto para transbordo e navios aguardando para carregar.

O problema com as estradas se reflete em duas frentes, segundo Nelson Costa, superintendente da Federação e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Fecopar). Uma delas é no aumento do frete, que ficou de 25% a 30% mais caro em decorrência da demora nas viagens. O motivo, explica, é o impacto nas diárias e retorno dos caminhões vazios. E a segunda é por conta do atraso na chegada da carga de produção de grãos que precisa ser embarcada nos navios.

“Assim como existe fila de caminhões para descer, existe fila de navios para carregar. Os navios estão esperando no porto por 25 a 30 dias, causando prejuízo de US$ 25 a US$ 30 mil por dia, que é o valor que um navio cobra por estar parado”, explica, referindo-se à taxa de demurrage, que designa a penalidade paga pelo tradener, o operador comercial do navio, quando excede o tempo estimado para as operações de embarque ou de descarga.

As previsões de exportação, embora animadoras do ponto de vista da produção, não são tanto para a logística. O Paraná bateu recordes na exportação de milho da safra 2022/23 e a produção ainda está em fase de carregamento em Paranaguá. No caso da soja, a expectativa é que a produção recorde brasileira prevista para este ano, de 153 milhões de toneladas, comece a ser colhida com intensidade a partir da segunda quinzena de fevereiro. O Paraná, sozinho, é responsável por 25% desta produção – e deve escoar boa parte dela pelo porto paranaense.

Por conta disso, para o assessor logístico do Sistema Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Nilson Hanke Camargo, a preocupação é grande especialmente nos próximos dias. “Eu diria que a estrada é 70% do motivo da falta de caminhões descendo”, estima. “Do dia 15 agora (de fevereiro) até 15 do mês que vem deve entrar mais da metade da safra. Então teremos problemas de recepção, de armazenagem, transbordo, enfim, tudo que envolve infraestrutura e logística”, aponta o presidente do Sistema Ocepar - Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná, José Roberto Ricken.

Nelson Costa, da Fecopar, afirma que o porto pode carregar até 120 mil toneladas de grãos por dia e, atualmente, o setor produtivo tem conseguido enviar 80 mil, apenas dois terços do total. “O trem corresponde talvez a 25% (da carga transportada), os outros 75% são por caminhão. Então tem que ter estrada para fluir”, reforça.

Além disso, o período chuvoso não ajuda. Se chove, os navios não podem carregar. Mas, até agora, não é possível dizer que este motivo impactou nas operações portuárias recentes (veja abaixo). O que o clima influenciou, até o momento, foi nas obras que estão em andamento para resolver o problema de deslizamento de encostas nas BR-277.

Fonte: Gazeta do Povo Foto: Divulgação DER
 

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