SEST SENAT vai capacitar motoristas venezuelanos em Maringá

SEST SENAT vai capacitar motoristas venezuelanos em Maringá

07 de agosto, 2019

A nova unidade do SEST SENAT de Maringá, inaugurada no último mês de maio, participa de um projeto humanitário inédito no setor de transporte de cargas paranaense: a unidade vai treinar 37 motoristas que vieram da Venezuela e que por um bom período estiveram em Roraima, estado do Norte brasileiro aguardando por oportunidades de inserção social e trabalho.

Essa iniciativa é uma parceria com a empresa Transpanorama Transportes que recrutou motoristas carreteiros venezuelanos, junto com a Missão Acolhida, em Boa Vista. O Sest Senat e a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná – FETRANSPAR, foram acionadas para contribuir na atualização dos desses profissionais do país vizinho e que atualmente  está mergulhado em uma crise política e econômica sem precedentes.

“De imediato aceitamos o apelo da Missão Acolhida. Juntamos nossas equipes do Sest Senat e fizemos uma grade especifica para esse público, ofertando nossa especialidade e ao mesmo tempo levando em consideração as particularidades destes profissionais, a começar pelas diferenças culturais e da própria língua”, diz o presidente da FETRANSPAR e do Conselho Regional do Sest Senat no Paraná, Coronel Sérgio Malucelli.

Os venezuelanos desembarcaram em Maringá, Norte do Paraná, na última terça-feira (09), acolhidos, eles ficarão alojados em um espaço que a Transpanorama reservou.

A partir do dia 05/08/2019, o  Sest Senat recebe os profissionais venezuelanos, e inicia a fase dos treinamentos, para isto foi elaborado em conjunto com o Departamento de Recursos Humanos da Transpanorama a grade dos cursos, priorizando: relacionamento interpessoal, excelência no atendimento, atualização á legislação de trânsito, condução econômica, transporte de produtos perigosos, também será desenvolvido aperfeiçoamento em simulador de direção objetivando maior capacitação e habilidade, agendado para o dia 30/08 a formatura dos novos profissionais.

Também será disponibilizado o atendimento em nossas clinicas de saúde (nutrição, odontologia, psicologia e fisioterapia) bem como palestras voltadas à área de saúde e bem estar.

Em todo o Paraná, em 2018 o Sest Senat fez mais de 155 mil atendimentos em diferentes áreas em suas 9 unidades. “Em Maringá temos a nova capacidade de atender a mais de 3 mil pessoas por mês, vamos dar a nossa contribuição para esses 37 profissionais refugiados, uma atitude humana e solidária que o setor de transporte, unido, oferece a essas pessoas”, frisa Coronel Malucelli.

Caminhada

Antes de chegarem a Maringá, os venezuelanos passaram por diferentes etapas. Uma equipe da Transpanorama esteve na capital de Roraima   fazendo entrevistas e aplicando testes comportamentais e práticos, para selecionar perfis que se enquadram nas vagas disponibilizadas. No total, 130 motoristas se candidataram.

Segundo a administração da empresa, a iniciativa desse projeto visa  contribuir humanitariamente com todo o movimento que o exército e os governos do Estado de Roraima e o brasileiro têm feito para acolher os imigrantes. Antes dessa contratação a transportadora apresentou uma série de documentações, que foi enviada à ONU (Organização das Nações Unidas), demonstrando a sua capacidade de empregar os motoristas estrangeiros e o cumprimento de suas obrigações legais, nas mais diversas esferas.

“Temos um planejamento que foi desenvolvido junto com as autoridades brasileiras, como o Exército, para receber os venezuelanos, que tem como objetivos a acolhida, a integração e o aperfeiçoamento destes profissionais para poderem viver e atuar como profissionais no Brasil”, diz Jean Salgals, gerente de RH da Transpanorama.

Missão Acolhida

Alexandre Carvalhaes, chefe da célula de interiorização da Missão Acolhida e coronel do Exército, diz que há o objetivo de garantir o fluxo migratório das pessoas que vêm da Venezuela para o Brasil. Segundo Carvalhaes, ações como a feita pela Transpanorama, em Boa Vista, somam com os esforços das autoridades para contribuir na geração de emprego e renda para os venezuelanos. Ele afirma que a Transpanorama é a primeira transportadora a contratar uma quantidade expressiva de motoristas da Venezuela. “Hoje a Operação Acolhida faz um chamamento à comunidade e ao empresariado brasileiro para que possam abrir vagas de emprego nas suas plantas ou nas suas indústrias [para o povo venezuelano]. Temos um grande banco de dados e condições de selecionar candidatos de toda a expertise”, diz.

Oportunidade

Felipe Amado Mejias Penaloza, 43 anos, é motorista e trabalhava na Venezuela no transporte de cegonheira, container e produtos químicos. Está há dois anos desempregado e há um ano e seis meses mora no Brasil.

Boa parte da família dele está do lado de cá da fronteira, morando num abrigo. São quatro filhos, um neto, uma nora e a esposa. A cidade de origem de Penaloza está 24 horas de viagem de Boa Vista, de ônibus. “Na Venezuela cheguei a pesar 100 quilos, mas quando sai de lá, estava com 49. Foi muita fome com a minha família. O dinheiro não rendia. Agora, estou pesando 80. Aqui pelo menos não passo fome. Ter este emprego vai me ajudar a devolver o futuro para os meus filhos, significa muito para mim”, diz.

Nestor Alcedo Cumache, 52 anos, está no Brasil há cinco meses. Começou na profissão de caminhoneiro há 19 anos. Na Venezuela, trabalhou no transporte de sementes, grãos e bobinas. Está desempregado há dois anos. Hoje mora nas ruas de Boa Vista, com a família: a esposa, uma filha de 14 anos e uma filha de quatro anos, ficando a maior parte do tempo numa praça da cidade. “Durmo com a minha mulher numa rede e as minhas filhas ficam na barraca. Na Venezuela, passei muita fome, minha filha de quatro anos pedia café da manhã e não tinha para dar. Vendi tudo para vir para cá, casa, carro… Não tinha como manter o carro, pneus eram muito caros. Aqui, às vezes, faço diária de trabalho, ganho R$ 50 reais, que já ajudam para comprar alimentos. Quero essa oportunidade de trabalhar na Transpanorama, é de ouro. Com isso vou ajudar a minha família e terei a chance de aprender mais na empresa”, aponta.

 

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