FETRANSPAR - Estreita relação entre transporte e pavimento

FETRANSPAR - Estreita relação entre transporte e pavimento

25 de setembro, 2017

Pneus furados, sistema de suspenção, molas e amortecedores danificados e até mesmo avarias em mercadorias transportadas. Esses são apenas alguns dos prejuízos apresentados nos caminhões e cargas que circulam nas rodovias brasileiras sem conservação, resultado de uma política de anos de descaso com a infraestrutura rodoviária brasileira. Quem paga a conta deste prejuízo acaba sendo o transportador que já arca com uma política de impostos que achata o setor.

“São situações difíceis de controlar e que impactam diretamente em nossa atividade, aumentando os custos com a manutenção e tempo do veículo parado. Além disso, convivemos com o risco iminente de sofrer acidentes em estradas mal conservadas, o que nos deixa bastante apreensivos”, desabafa Claudecir Matiusso, responsável pela paranaense Rio Pardo Transportes, situada em Maringá-PR.

O empresário comenta ainda que a manutenção da sua frota é realizada constantemente. “Em veículos que circulam em estradas de boa conservação a revisão é feita a cada 30 dias. Para àqueles que circulam em rodovias ruins esse intervalo cai pela metade”.

Um dos trechos que mais preocupam os gestores da Rio Pardo Transportes por exemplo é a SP-270, conhecida como Raposo Tavares, no estado de São Paulo. Já em território paranaense a PR-323 entre os municípios de Maringá e Guaíra é o trecho de maior preocupação segundo a transportadora. “Nossa orientação aos motoristas é que sempre redobrem a atenção ao circularem por esses trechos”, destaca Matiusso.

Paraná

Conforme informações do Departamento de Estadas e Rodagem do Paraná (DER), em 2016 toda extensão rodoviária estadual passou por manutenção. O investimento segundo o órgão foi na ordem de R$ 400 milhões concentrados em três programas: manutenção de pavimento, faixa de domínio e drenagem.

A pavimentação asfáltica aplicada tem durabilidade de cinco anos em média. Esse trabalho inclui micro revestimento no qual se utiliza asfalto com polímero, que proporciona menor propagação de trincas e maior resistência. Essa mesma técnica vem sendo aplicada por concessionárias que fazem parte do Anel de Integração. A Ecocataratas, por exemplo (BR-277 entre Guarapuava e Foz do Iguaçu) vem utilizado cimento asfáltico de petróleo (CAP) com borracha e usinagem morna.

Já a Caminhos do Paraná (Guarapuava e Araucária), além de polímeros, utiliza asfalto modificado por borracha e a adição de fibras de vidro e geogrelha (sobretudo em aclives).
Neste ano, estão passando por manutenção e restauração 633 km de rodovias concessionadas, segundo informações da Associação Brasileiras de Rodovias. Já para 2018, a previsão é manter em condições de uso/circulação outros 480 km.

“A infraestrutura rodoviária é algo básico para o desenvolvimento de estados e municípios. Quase 6% do PIB paranaense, por exemplo, passa pelo setor de transportes e por isso a pauta necessita ser reavaliada constantemente. Evoluímos muito nos últimos anos. Mas ainda temos um longo caminho a percorrer para obter estradas melhores, preparadas para escoar nossa economia”, frisa o presidente da FETRANSPAR, Sérgio Malucelli.

Pelo Brasil

Recente estudo divulgado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) faz uma análise da qualidade do pavimento das rodovias que são contempladas no levantamento anual de qualidade das estradas divulgados pelo órgão. Isolando somente o item ‘conservação de estradas’, a CNT concluiu que desde 2012, o governo federal reestruturou o tipo de gasto público em rodovias do país. Em 2004, o percentual investido em adequação e construção foi de 52,2% do total, enquanto o aporte em ações de recuperação e manutenção alcançou 30,7%. Em 2016, esses percentuais se inverteram: 28,1% e 64,3%, respectivamente.

O trabalho da Confederação indica que a opção de concentrar os desembolsos em manutenção e recuperação está relacionada à necessidade de manter as condições mínimas de trafegabilidade em tempos de falta de recursos. Assim, essa escolha do poder público garante as condições da infraestrutura instalada, mas reduz o ritmo de crescimento da malha pavimentada, essencial para o desenvolvimento do setor de transporte brasileiro.

“A partir do momento em que a questão fiscal, dos recursos disponíveis pelo poder público, ficou mais complexa e difícil, o governo federal migrou os investimentos de expansão e crescimento da malha para a manutenção”, considera o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.

Para reverter essa situação e ampliar a malha, que hoje tem apenas 12,3% com pavimento, é fundamental que se garanta investimentos para o setor, sem aumentar a carga tributária. Como alternativa, a CNT indica a exclusão da Cide da base da DRU (Desvinculação de Receitas da União). Isso ampliaria os recursos disponíveis (já arrecadados) para as intervenções fundamentais da malha.

Fique atento ao trafegar por estradas mal conservadas

•    Atenção redobrada à sinalização, uma vez que ela pode também estar em mau estado, dificultando a visibilidade/legibilidade.
•    Cuidados em relação aos veículos de menor porte, que têm comportamento diferente quando expostos às mesmas condições adversas.
•    Tenha postura de direção defensiva.
•    Mantenha os equipamentos obrigatórios em dia.
•    Respeite os limites de peso e de capacidade tratora do veículo, já que em vias menos conservadas há mais desgaste mecânico.
•    Sinalize com antecedência as manobras de mudança de faixa e ultrapassagem.
•    Evite desvios bruscos de curso de marcha.
•    Obedeça a velocidade limite da via.
•    Ande sempre com os faróis ligados.

Fonte: Gheysa Padilha/Comunicação FETRANSPAR Foto: Jorge Woll

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