Agro corre para embarcar 3,6 milhões de toneladas de soja para liberação de armazéns para nova safr

Agro corre para embarcar 3,6 milhões de toneladas de soja para liberação de armazéns para nova safr

18 de outubro, 2023

A falta de armazéns para estocagem de quase metade do que foi colhido na safra recorde de 2022/23 e a chegada do novo ciclo pressionam a agricultura paranaense a realizar o escoamento de milhões de toneladas de soja nos próximos 90 dias até o Porto de Paranaguá sob o risco de perder a produção. A nova regra no setor é vender e escoar a soja o mais rápido possível.

Para abrir espaço nos silos e armazéns de olho no próximo cultivo que já está no campo, muitos produtores rurais e cerealistas resolveram intensificar a comercialização, considerando também que a valorização do cereal não veio e a saca segue cotada em cerca de R$ 130. A expectativa era por uma reação nos preços e a repetição do cenário com a saca a quase R$ 170, valor de mercado do produto no mesmo período de 2022.

“Muitos produtores estavam esperando uma possível valorização que não veio, não no ritmo do ano passado e retrasado. Esperavam o melhor momento mas como precisam dos estoques para safra em aproximadamente 90 dias quando toneladas de soja começam a ser colhidas, não restou outra alternativa senão vender o que estava guardado”, avalia o analista de mercado e economista Rui São Pedro.

Por todo o estado, muitas unidades recebedoras de grãos tiveram que improvisar a estocagem ou investir em silos bolsas, mesmo assim, não há mais para onde expandir o armazenamento. “Essa tem sido uma reivindicação antiga e neste ano fomos ao Ministério da Agricultura pedir mais verbas no financiamento agrícola para construção de armazéns, uma deficiência grave que temos e que precisa ser resolvida para trazer mais segurança no campo”, reivindica o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara.

Essa intensificação no movimento das exportações já é observada nos portos do Paraná, principalmente em Paranaguá, que devem embarcar mais de 3,6 milhões de toneladas da oleaginosa somente de outubro a dezembro de 2023. “O volume, se confirmado, representará um crescimento de 203% em relação ao mesmo período de 2022 quando foram embarcados 1,2 milhão de toneladas de soja”, compara o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.

Dilvo Grolli, que é presidente da Cotriguaçu, cooperativa central que reúne algumas das maiores do Brasil no segmento e com sede em Cascavel, no Oeste no Paraná, constata que penas 45% da produção de soja haviam sido comercializados até agosto, volume inferior ao registrado no mesmo período do ano passado.

Segundo Grolli, há pouco mais de um mês, os silos e os armazéns paranaenses seguiam com mais de 10 milhões de toneladas, diante de uma produção que foi de 22,5 milhões de toneladas na safra passada. A produção estadual foi de 80% maior que o registrado no período 2021/22, quando o Paraná passou por uma seca histórica e colheu 12,45 milhões de toneladas.

“Temos um déficit histórico em armazenagem que soma de 110 a 120 milhões de toneladas [no Brasil] e por isso, para abrir espaço para novas safras, é preciso comercializar. Porém, muito dessa deficiência de estocagem ocorre em função do nosso aumento de produção. Só de 2021 a 2023, aumentamos 70 milhões de toneladas em produção”, analisa Grolli.

Em 2021, o Brasil colheu 251 milhões de toneladas de grãos, no ciclo 2022/2023, encerrado no meio deste ano com um total de 320 milhões de toneladas. “De janeiro a agosto de 2023 foram exportadas 10,1 milhões toneladas de soja, 10% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. Atualmente, a movimentação de soja representa 25% da movimentação geral dos portos paranaenses”, acrescenta.

O Paraná é o segundo maior produtor do cereal do Brasil, atrás apenas do estado do Mato Grosso que no ciclo passado produziu pouco mais de 45 milhões de toneladas. Em todo o território nacional, o grão rendeu 154,6 milhões de toneladas e deu ao Brasil o título de maior produtor de soja do mundo.

Outro segmento que movimento o mercado é o transporte do farelo de soja. “A empresa pública deve movimentar 1,4 milhão de toneladas do produto de outubro a dezembro, 72% a mais que no mesmo período do ano passado”, projeta o diretor-presidente da Portos do Paraná.

Fonte: Gazeta do Povo Foto: AEN

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